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O Violão na Era do Disco: Interpretação e Desleitura em Julian Bream - Sidney Molina

O Violão na Era do Disco: Interpretação e Desleitura em Julian Bream - Sidney Molina

2006

Instrumentistas: Sidney Molina

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Autor: SIDNEY MOLINA Orientador: Prof. Dr. Arthur Rosenblat Nestrovski Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2006 RESUMO Esta tese procura mostrar como – ao contrário, por exemplo, dos repertórios pianístico, violinístico e orquestral, cujos cânones formaram-se pouco a pouco desde finais do século XVIII – cânone do violão clássico é um fenômeno do século XX e, como tal, bastante dependente de critérios sonoros fixados por seus intérpretes através de gravações. Em especial, o trabalho destaca a “Era dos LPs” (aproximadamente 1950-90) como centro de um processo no qual a escuta de discos parece ser ao menos tão importante quanto a edição de partituras. Assim, para o violão, a escrita é também som, e as músicas são antes de tudo os músicos. Há, portanto, fortes analogias entre o processo de ascensão e estabilização do instrumento do instrumento no cenário internacional de concertos e o desenvolvimento conceitual do disco, que caminha do “LP Recital’, simulacro da performance ao vivo, para o “LP Obra”, influenciado pela performance historicamente informada e espécie de simulacro sonoro da partitura editada. Dois artistas centrais para esse processo são estudados no trabalho: o espanhol Andrés Segovia (1893-1987) e – sobretudo – o inglês Julian Bream (1933), cuja larga obra fonográfica lançada durante a segunda metade do século XX analisamos contra o pano de fundo das gravações realizadas por Segovia na primeira metade do século. Para tanto autores como Dahlhaus, Adorno, Lotman, Said e especialmente Bloom fornecem ferramentas conceituais decisivas para a fundamentação teórica da pesquisa. A partir desses pressupostos, dividimos nosso estudo crítico da discografia de Julian Bream em três momentos: as origens poéticas, onde predomina o desvio em relação a Segovia; o período médio, caracterizado pela constituição de uma voz própria independente; e a fase de maturidade, onde ocorre a “desleitura” do precursor. Nesse percurso, o trabalho realiza também um minucioso levantamento das gravações dos dois intérpretes e recupera o contexto original de seus discos.

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